Dying Days
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Sunn O))) : Monoliths & Dimensions

Vicente M. |
Sunn O))) : Monoliths & Dimensions

Crédito(s): ©2009 Javier Villegas (tirado de monoliths.southernlord.com)

E chegou na praça o novo e aguardado disco do Sunn O))), Monoliths&Dimensions. Após dois anos de incessante desenvolvimento e impulsionado pelo crescente reconhecimento conquistado pela banda, o disco vai um pouco além da política de nunca repetir uma mesma abordagem a cada novo trabalho.

Greg Anderson e Stephen O'Malley potencializaram o uso de contribuições, prática que ganhou força a partir dos "Whites". Dessa vez, além dos escudeiros Attila Csihar e Oren Ambarchi, há um verdadeiro pelotão de músicos envolvidos, com destaque para Eyvind Kang, Julian Priester, Steve Moore e Dylan Carlson. Kang, cabe destacar, talvez seja a maior força propulsora em M&D. Seu vasto conhecimento por música erudita proporcionou ao Sunn O))) a capacidade de integrar guitarras e tons sombrios com vários elementos orquestrais (harpas, violas, pianos, trombones) além de um coral feminino na faixa Big Church.

Tais elementos levaram muito além as sonoridades dominadas pelo duo, transformando M&D em seu disco mais peculiar. Seu desenvolvimento é impecável, meticulosamente projetado e executado, e sempre cauteloso para que o impacto seja inverso ao dos tradicionais discos de "metal com orquestra" em que o maestro contratado apenas despeja floreios sobre as músicas da banda. Em M&D, os elementos estão plenamente integrados, se complementando e participando da medula de cada faixa. Esse conceito subverte muito do que o Sunn O))) gravou até hoje pois embora a essência da banda ainda esteja intacta, o fio condutor passa muito mais pelos novos elementos do que pelos tradicionais baixos e guitarras da dupla.

O disco transpira criatividade de forma muito saudável, entretanto, relaciona-se muito mais com os trabalhos recentes do Sunn O))) (Oracle, Dømkirke, Altar) do que com o catálogo anterior. Há um perda de identidade em virtude do peso que as contribuições impõem ao resultado (muito perceptível em Big Church, com seus corais femininos), o que pode incomodar quem esperava o Sunn O))) um pouco mais voltado para sua essência. Junto com Oracle, talvez seja o disco menos pesado e sombrio da banda. Por outro lado, a maioria das inovações são tão bem executadas e celebradas pelos músicos que M&D acaba compensando as mudanças através de seu próprio conteúdo.

M&D é o disco do Sunn O))) que mais exige atenção e estado de espírito do ouvinte. Na ocasião correta, a audição paga-se com honras, principalmente na parte final da sublime "Alice", onde Priester presenteia a banda com a sabedoria e a sensibilidade que apenas um colaborador de artistas como Sun Ra, John Coltrane e Herbie Hancock poderia fazê-lo.

Categoria(s): Opinião

Comentários:

Fabricio Boppré | 06/06/2009

Lindo esse disco, lindo mesmo. Alice é uma gratíssima surpresa, não?

Fabricio Boppré | 06/06/2009

Aliás, Vicente, tu viu essas fotos aqui? Aquela igreja é a Igreja da Sagrada Família, fica em Barcelona. Ela ainda está em construção, a área interna dela é um verdadeiro canteiro de obras. O O'Malley deve ter fotografado na recente passagem deles pela cidade, onde eles tocaram no Primavera Festival. E o carinha que aparece no estande ali, e depois numa foto em frente a um vitral, é o mesmo do estande do show que eu assisti aqui na França!

Vicente | 07/06/2009

Vi as fotos, acho que não tocaram na igreja em questão, correto? Quando vi as imagens do merch stand, lembrei de vocês no meio da confusão [risos]. E sim, Alice é incrível, absolutamente inesperada por se tratar da banda. Mas convenhamos, o Julian Priester é que faz a faixa brilhar. Ao Sunn O))) o reconhecimento por pensar nesse cara e apostar no experimento.

Fabricio Boppré | 08/06/2009

Não, certamente não tocaram naquela igreja! A passagem deles por Barcelona foi para tocar num festival, o Primavera, que aconteceu num parque. Mas mesmo que eles tenham feito outros shows na cidade, certamente não foi dentro da Sagrada Família!

Fui ler sobre o Julian Priester, não conhecia o cara, e certamente foi inusitado e brilhante a banda requisitar a colaboração dele. O cara trabalhou com o John Coltrane; Greg e Stephen gostam de jazz --- será "Alice" uma referência à mulher do Coltrane?

Vicente | 08/06/2009

Sim, Alice é uma referência à falecida Sra. Coltrane.

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