Tirando um atraso
Vicente M. |Imagem principal:

Crédito(s): http://www.thefade.net/
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Quando Era Vulgaris saiu, eu estava meio desiludido com a banda do Josh Homme. Lullabies To Paralyze foi um tanto frustrante (embora hoje eu o aprecie tranquilamente, lógico, não foi fácil manter o nível alcançado por Songs For The Deaf) e quando o disco saiu com um single requentando as Desert Sessions, deixei de lado. Por sinal, desde Lullabies o QotSA vem se aproximando cada vez mais do experimentalismo das sessões desérticas, oferecendo músicas menos imediatas que as dos três primeiros álbums. Mas acabei, com dois anos de atraso, investindo em Era Vulgaris e após umas duas semanas, o escutei algumas dezenas de vezes.
Para quem prioriza o som dos três primeiros discos a banda soa bem diferente. O disco, assim como Lullabies, é diversificado e menos imediato. Entretanto, o que nas primeiras audições indica uma banda um pouco perdida, sem convicção dos rumos que as músicas têm que tomar, aos poucos vai revelando que os nós entre as cordas são fortes e que Josh Homme e Chris Gross têm muito a ofertar embaixo do aparente desleixo. A psicodelia desértica dos dois primeiros discos foi substituída por experimentos com diversos timbres e instrumentos, ritmos e possibilidades, e as faixas procuram outros formatos que não apenas o stoner (ou o que o QotSA consagrou a partir dele).
Make It Wit Chu, o single que me afastou do disco num primeiro momento, debutou nas últimas Desert Sessions e hoje pode ser visto como uma brincadeira sagaz. Josh Homme galante. Há também faixas ganchudinhas como Sick, Sick, Sick e 3's & 7's que num primeiro momento soam como cópia de algo melhor que eles fizeram antes, mas o caráter sujo de seus arranjos e algumas mudanças radicais no decorrer de suas estruturas as levam para uma posição mais favorável. River On The Road, Battery Acid e Suture Up Your Future respondem pela diversidade do álbum, cada qual com sua cara que no conjunto fazem de Era Vulgaris um disco com muitas possibilidades, todas acertadas. Mas a melhor ainda é Into The Hollow, infalível, que só poderia ser ainda mais perfeita se fosse entoada por Mark Lanegan.
Era Vulgaris mostrou-se uma obra bem acima do que o público mainstream do QotSA tende a assimilar, embora não seja um disco inacessível. Fica a torcida que após a temporada com o Them Crooked Vultures, Homme retorne para sua banda principal com a mesma veia de inspiração que explorou em 2007.
Comentários:
Bom, comparando com os lançamentos do Eagles of Death Metal, esse disco é uma obra-prima!
Josh Homme está mais sacana do que nunca em Make It Wit Chu!
Putz, eu achei esse disco bem aparentado com o Rated, claro, que nada ensolarado, mas tão plural quanto. Músicas como Turning On The Screw, I'm Designer e Run, Pig Run já o coloca num bom lugar na discografia dos caras.
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