From the vaults (post #2.456.522)
Vicente M. |Imagem principal:

Crédito(s): spfc.org
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Vault nem tão empoeirado, nem tão antigo. Um processo recente me fez colocar as mãos em meus CDs, um por um, inclusive com limpeza física bastante trabalhosa (o que reforçou a consciência que MP3 não acumula pó). Tal atividade não só me apresentou discos abandonados como volta e meia me sugeria algum resgate, o que fiz com mais uma dezena de discos: "Ah, tal disco. Quem sabe não dou uma escutada?"
Lembro que não torci o nariz para TheFutureEmbrace durante seu lançamento, mas tenho recordações de que o álbum foi digerido com alguns percalços. E lembro também de ter me colocado a parte do alvoroço que comparava o disco com os dos Pumpkins, fato alimentado pelo próprio Billy Corgan ao recorrer às páginas de um jornal para anunciar o retorno de sua finada banda. Mas de 2005 para cá TheFutureEmbrace nunca foi deletado do iPod que fica aqui no trabalho, fato relevante que atesta a predileção que nutri pelo disco ao longo destes anos. É um trabalho que cresceu com o tempo, ainda mais se confrontado com o que Corgan fez na sequência sob a alcunha dos abóboras.
Creio que me agradam, justamente, os pontos implacavelmente criticados pela base de fãs: as baterias robotizadas, a bruma oitentista, a falta do sentido de banda. O que talvez não passe seja a poesia de Corgan, que desde Adore já mostrava sinais irreversíveis de perder o seu brilhantismo, embora algumas músicas ainda tenham lá alguns trechos memoráveis. Mas o atributo fundamental do disco é a representação de um trabalho solo, livre de conceitos pumpkinianos e muito mais preocupado em resgatar influências como o New Order, Bowie e o Cure. Algumas coisas me lembram Disintegration, outras lembram Bauhaus e My Bloody Valentine, mas sem que elas celebrem tais bandas e abram mão de uma visão pessoal, que muito bem representam a faceta mais obscuta do criador. Vejo as guitarras entrelaçadas de All Things Change, os beats de Mina Loy e I'm Ready e a doce melancolia de Pretty, Pretty STAR entre algumas das coisas mais interessantes que Billy fez.
TheFutureEmbrace foi o último trabalho com ares brilhantes de Corgan, embora poucos tenham percebido atributos que comprovem essa perspectiva. Corgan, claro, tem sua parcela de culpa pela forma como o disco foi digerido, mas é uma pena que a injustiça em torno desse álbum tenha comprometido os seus passos seguintes e, talvez, o impedido de criar uma sequência para esse caminho.
Comentários:
Eu também considero o TheFutureEmbrace o último grande trabalho do Billy Corgan, acima dos trabalhos com o Zwan e o retorno do Pumpkins. O disco soa honesto. Boa lembrança, vou resgatá-lo.
D'accord. É um disco digno. Merecia, inclusive, uma capinha melhorzinha.
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