Uma turminha que apronta mil e uma confusões
Vicente M. |Imagem principal:

Crédito(s): Arts + Crafts [CA]
Texto:
Broken Social Scene : "Forgiveness Rock Record" (Arts & Crafts, 2010)
O Broken Social Scene jamais será celebrado por economizar. Ao contrário, a vocação do supergrupo foi, ao longo de seus três discos anteriores, de usar todo e qualquer recurso em prol de um som grandioso e irriquieto, chegando em resultados que apontam para diversificadas influências, principalmente as bandas da década de noventa. Além do rodízio frenético de participantes, que funciona muito bem ao definir o funcionamento da banda, há o uso de diversos instrumentos, permitindo que o som migre de guitarras ruidosas a-la Sonic Youth para violinos e sopros em questão de minutos. Vai mesmo do que se passa pela cabeça de Kevin Drew e Brendan Canning na hora do REC.
Entretanto, ao mesmo tempo em que o projeto obteve considerável reconhecimento por revitalizar sonoridades até certo ponto desprezadas durante a década dos Strokes, seus discos são verdadeiras carretas de informações. A linha entre um épico indie e o descontrole é, no caso da banda, tênue e dependendo da bagagem musical do ouvinte, seus discos podem facilmente sobrecarregar a experiência para os menos pacientes (ou experientes, talvez). Assim, os aclamados You Forgot It In People e Broken Social Scene são excelentes, mas não ficam para a posteridade graças a esses exageros que em certos momentos desvirtuam o andamento do que poderia ser um candidato a clássico moderno.
Mas Forgiveness Rock Record apara algumas arestas, oferecendo uma versão mais objetiva do que a banda pode ser. Obviamente, seguem as múltiplas influências e possibilidades sonoras que elas sugerem, entretanto, a condução é voltada para uma estrutura concisa, o que ajuda bastante o ouvinte a acompanhar o disco do início ao fim. Positivamente, a iniciativa não tirou o brilho que as músicas do BSS costumam ter, embora resultem num disco com ares menos "épicos" do que os antecessores. Ainda assim, faixas com vocação para hits (ou singles) favorecem os resultados, ao ponto de se concordar que a banda soa melhor com as rédeas mais próximas ao jóquei. Duro resistir às melodias de faixas como Texico Bitches (pra quem curte hitzinho indie, é um prato cheio) e World Sick. Os fantasmas dos 90 rodopiam freneticamente em Forced To Love e na instrumental Meet Me In The Basement, assim como o BSS mostra alguns de seus atributos infalíveis em Art House Director e Water In Hell.
Talvez Forgiveness Rock Record não seja um divisor de águas capaz de elevar a banda a céus mais extensos que os que ela já percorre, mas tem combustível suficiente para alcançar as boas listas de final de ano. Para uma banda que prima tanto pelas possibilidades que a música oferece, o disco não poderia soar tão equilibrado e capaz de satisfazer a ouvintes menos iniciados.
Comentários:
Ouvindo agora. Ótima primeira impressão!
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