Os posters do Pearl Jam
Fabricio C. Boppré |Imagem principal:
Crédito(s): Moonset Gallery
Texto:
Os posters dos shows do Pearl Jam, entre os fãs da banda, são um assunto bem sério. São vendidos nos shows (e o que sobra, posteriormente, no Ten Club --- mas sobrar é raro) e sempre muito disputados, discutidos, colecionados e trocados. Emoldurados e exibidos orgulhosamente nas paredes e, às vezes, vendidos no eBay pela bagatela de 200,00 dólares, os mais raros e peculiares.
É justo: costumam ser muito legais mesmo, quase sempre personalizados para o local do show em questão, e desenhados por gente como a Ames Bros e o artista Brad Klausen. E o encanto que exercem sobre os fiéis fãs do Pearl Jam é compreensível: não há souvenir mais legal para um show que você presenciou. Há, claro, os bootlegs oficiais com as gravações dos shows, coisa que a banda vem fazendo desde 2000, mas que hoje são largamente distribuídos pela internet em formato digital, o que tira um pouco do caráter especial da coisa. Um poster, por outro lado, por ser um objeto físico e de tiragem limitada, é algo que envolve certa exclusividade, distinção, orgulho em possuir um. Quem coleciona qualquer coisa, sabe do que estou falando.
Esse acima é o poster confeccionado por Klausen para a turnê que a banda fez na América do Sul em 2005. O conceito do poster é explícito: vê-se o Tio Sam representado por um suíno esmagando e sugando o sangue de sofridos trabalhadores da América do Sul. Segundo Klausen, a inspiração veio depois da leitura do clássico "As Veias Abertas da América Latina", do uruguaio Eduardo Galeano.
O detalhe da fugidia figura prestes a apunhalar o obeso explorador pelas costas é emblemático: diz-se que a violência sugerida pela imagem incomodou Stone Gossard, que acabou vetando a venda do poster nos nove shows que a banda fez por aqui naquela ocasião. Mas, quatro anos depois, em 2009, a banda liberou sua venda através do Ten Club. Não tenho certeza, mas me parece que foram impressas somente 250 cópias, que se esgotaram rapidamente --- por toda essa historinha por trás do poster, ele virou o "holy grail" da coleção de muita gente, mesmo entre quem não esteve nos shows.
O poster é ótimo, não? Tive a sorte de, dias atrás, encontrar um colega americano --- ou, apesar de eu achar bobagem, digamos "estadunidense", só para ficar nesse clima rebelde anti-imperialista da imagem ---, um colega estadunidense de Ten Club que estava vendendo alguns dos seus posters, e entre eles, lá estava o mítico South American Tour 2005. Saquei meu cartão mais rápido que os outros e o arrematei por uma fração do preço pelo qual ele aparece sendo vendido por aí, às vezes.
PS_1: Alguns outros muito legais estão compilados aqui.
PS_2: Post escrito sob influência da intensa fase de audições de Pearl Jam que venho vivendo aqui, fase cujo estopim foi o lançamento do fantástico Vs and Vitalogy Limited Edition Collector's Boxed Set. Que venha o box do No Code e do Yield!
PS_3: Grandes lembranças do fantástico show que assistimos em Porto Alegre, no dia 28 de novembro de 2005.
Comentários:
É, Fabricio, foi um momento que jamais esquecerei.
Também curto posteres. Alguns são tão artísticos quanto obras que se visualizaria em galerias de artes e servem muito bem para decorar um anbiente, digamos, mais cabeça aberta. Dão o toque de juventude sem prazo de validade, sem necessariamente prender o cidadão na adolescência. É engraçado que os posteres aqui em casa sempre geram curiosidade e narizes torcidos em quem os vê. Tá certo que eu não facilitei muito, foram escolhas anti-sociais, mas acho que contextualizam muito bem minha posição em relação à importância da música. Aí vira-se para o lado oposto do ambiente e vê-se aquilo tudo de vinis e CDs e tem-se mais um nerd colecionador dos infernos.
Legal saber que depois de tanto tempo eliminasses essa pendência. Não tenho nenhum poster de shows que presenciei, mas tenho sim os ingressos do Mudhoney no Teatro de Elis arquivado na contracapa do meu CD de "Piece Of Cake", devidamente autografado pelos caras. Ótimo souvenir.
Nerd colecionador dos infernos, hahaha, muito bom.
Fiquei curioso com relação aos teus posters -- na verdade, taí uma faceta tua de colecionador que eu não conhecia. Depois me diz o que tens aí! Eu não coleciono posters não, mas o que tu falou é muito verdade: podem ser muito valiosos.
E, porra, tá mais do que na hora da gente se ver de novo num show, não? Pena que não está pintando muita oportunidade.
Não tem rolado muita coisa, né? Ao menos em termos de fazer a gente bancar o ingresso e sair de casa. Para teres uma idéia, vou no Marcelo Camelo em maio para conferir os HURTMOLD em ação, mas também para prestar contas à minha ânsia de ver shows. Faz um TEMPÃO que não vou num.
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