Heavy metal roundup, Vol. I
Fabricio C. Boppré |Imagem principal:

Crédito(s): Foto do King Diamond copiada daqui.
Texto:
Entusiasmei-me tanto com o metal que andei ouvindo nestas últimas semanas que resolvi não mais ficar tanto tempo longe dele, como vinha acontecendo de uns tempos para cá. Sei que estamos em pleno verão, e este nosso calor tropical não combina muito bem com uma música que se veste fundamentalmente de preto e faz suar horrores, mas que se dane: a trilha-sonora do mundo, hoje, é o metal, não há outra possível. E logo mais será outono, e depois inverno… Então, a partir de agora, não vou mais marcar bobeira: estou decidido a acompanhar os discos e as bandas do gênero mais de perto, e esta nova série de posts irá me auxiliar nesta missão.
A ideia é publicar, regularmente, algumas notas breves (ou não tão breves) sobre minhas descobertas mais recentes no reino da música do mal. Vou privilegiar discos encontrados no bandcamp — esse fantástico oásis virtual em cuja sombra o pessoal do metal parece ter encontrado abrigo perfeito — e acrescentar a estes meus escritos metidos a besta o respectivo player para que você, caríssimo desocupado que me lê, possa escutar também aos discos. (Pode acontecer de aparecer alguma banda ou álbum que não esteja no bandcamp; nesse caso, se ficar interessado, você se vira. O que não vai ter, isso eu posso lhe garantir, será player ou link para Spotify ou YouTube, que isso não são maneiras de se escutar música.)
Adianto que vai ter muito death metal, meu sub-gênero favorito, e também muito doom (nossa, eu não lembrava de como eu adoro Cathedral); black metal — que, como estética, não é exatamente uma preferência pessoal, mas não raro produz coisas que me encantam profundamente, como esses camaradas aqui — também isso deve aparecer amiúde; os contemporâneos que não sei classificar e os que transitam nas arenas aventureiras do drone, do avant-garde e do post metal, também dessa turma toda eu ouço coisas maravilhosas e vou citá-los bastante por aqui. Crust punk e D-beat eu também adoro e recomendarei com frequência, nunca desviando-me deste meu nobre objetivo secundário, a saber, espalhar graça e ternura pelo mundo. Eventualmente um thrash, que acho divertidíssimo; eventualmente mais alguma outra coisa. Speed metal, power metal, essas bobagens evidentemente não me interessam.
(O nome “Heavy metal roundup” é, portanto, só um nome, escolhido porque não achei nada melhor. E em inglês ficou porque “Apanhadão do Heavy metal” não me pareceu muito bom.)
Então, sob os auspícios de Nossa Majestade retratada acima, o único Rei que reconheço e o grande patrono desta série, iniciemo-la:
Alaric - End of Mirrors
Descobri esse disco e essa banda por acaso quando, certa vez, enquanto navegava pelo catálogo do pessoal da 20 Buck Spin, tive minha atenção capturada pela belíssima capa que segue reproduzida aí embaixo junto do player, ou que você vê um pouco melhor aqui. End of Mirrors pode ser resumidamente descrito como o casamento do Cure fase Disintegration com o Killing Joke, celebrado por um padre que, assaltado por pesadelos malignos na noite anterior, resolve celebrar a união com trechos de Edgar Allan Poe ao invés dos tradicionais versículos da Bíblia. O disco funciona muito bem e tem a vantagem da bonita arte gráfica, mas acho que gostei mais do trabalho anterior do Alaric, que escutei depois. Tem ainda um split deles com o Atriarch que não deve ser menos do que maravilhoso (mas daí é por conta do Atriarch).
Portal - Ion
Essa banda eu já tinha escutado antes. Não lembro bem qual era o disco, mas lembro de ter ficado bastante perturbado com a vileza e a pestilência do som desses australianos, me sentindo como se tivesse encontrado um Lament Configuration de verdade e uma trupe de Cenobitas estivesse prestes a surgir diante de mim a qualquer momento. Não é exagero ou figura de linguagem: esse som pode desestabilizar um ouvinte desavisado; me desestabilizou, por certo, e olha que ouço música extrema há uns bons 20 anos. Experimentei com muita precaução o último disco destes dementes, Ion, e ainda não consigo decidir se gosto disso ou não. É desnorteante; é tétrico demais. No player abaixo você está sob sua conta e risco.
Blood Incantation - Hidden History of the Human Race
Sobre este disco eu li maravilhas, e ele, com efeito, figura na maior parte das listas de melhores de 2019. São quatro faixas apenas, e ao final da segunda eu ainda não estava muito impressionado… Mas a terceira, a sensacional Inner Paths (to Outer Space), sozinha ela virou o jogo, e a última, o épico cósmico Awakening From The Dream Of Existence To The Multidimensional Nature Of Our Reality (Mirror Of The Soul) — esta me ganhou completamente, é nada menos do que um grandioso espetáculo, com direito a homenagem ao Pink Floyd e tudo.
Tomb Mold - Planetary Clairvoyance
Para os filiados à Sagrada Igreja do Anjo Mórbido.
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