Melhores discos de 2024
Fabricio C. Boppré |Imagem principal:

Crédito(s): Vista de Arkona com a lua nascendo, de Caspar David Friedrich, copiada daqui.
Texto:
O disco inaugurador desta lista foi o Invincible Shield do Judas Priest, e ele acabou ficando de fora da versão final que segue abaixo. Talvez isto simbolize o movimento que foi se desenrolando ao longo do ano: muito metal, metal pra caramba, porém, nos meses finais de 2024, fui gradualmente desmetalizando-me e deslizando em direção ao jazz, à música acústica e outras paisagens sonoras mais tranquilas. E ainda assim o metal predomina na lista. Confesso que tento dar certa forma a este rol de álbuns, aparando aqui e moldando ali, para que ele exiba um pouco de todas as minhas preferências, ou pelo menos das que se manifestaram de forma mais frequente ao longo do ano. Música clássica têm perdido espaço, como parece estar claro, embora seja mais uma questão de não ouvir tantos discos novos; os velhos discos dos meus pianistas favoritos continuam sendo companhias noturnas frequentes. No todo, meus álbuns favoritos dentre os favoritos talvez sejam dois mencionados no último "Discos do mês", posto que descobertos e escutados intensamente em dezembro: The Way Out of Easy do Jeff Parker ETA IVtet e To The Rising Moon de Stephan Micus. Mas o Umbilical do Thou é estonteante. Ele fica com o prêmio na categoria "música pesada". E são tantos os potenciais favoritos não escutados ainda! Pearl Jam, Blood Incantation, Jesus Lizard, Godspeed You Black Emperor, Cure... Tenho visto este novo do Cure em muitas listas alheias, mas eu não consigo me acostumar com a ideia de um disco do Cure em 2024, não consigo imaginar Robert Smith com 65 anos e aquela pintura no rosto, como se ele quisesse nos fazer crer que ainda estamos em 1983, tudo igual e congelado, a vida não mudou, os problemas não são outros. Acho algo meio patético. O que mais posso dizer sobre minha lista? Foi triste não ter achado espaço para o disco do Jerry Cantrell, gostei muito dele e foi das audições que mais vezes repeti nos últimos meses. O novo disco do Shabaka ficou numa disputa com o Skull Dream de Dave Harrington (sobre quem não sei absolutamente nada) e acabei deixando Harrington pois alguma coisa me cativa muito neste disco, uma calma sinistra, uma letargia reptiliana. O disco da Chelsea Wolfe, puxa vida: se o ano já não tivesse virado, talvez ele acabasse por aqui. Lembro de não ter achado grande coisa após a primeira audição, porém ele deixou um eco em minha cabeça, ou um chamado, do tipo que a experiência já me ensinou a não desprezar. Bingo: a cada audição o disco cresce, cava uma impressão mais profunda. São muitos anos ouvindo música atentamente, alguma coisa devo ter aprendido. Quem ainda não formou uma intuição apurada deste tipo, sugiro começar não dando bola para as recomendações do Spotify. Eles têm outras intenções, e não são nada boas. Experimentem o que os amigos e amigas que verdadeiramente gostam de música escutam e sugerem que você também ouça. Este amigo aqui se despede desejando a todos um ótimo 2025.
- Amaro Freitas - Y’Y
- Big|Brave - A Chaos Of Flowers
- Chat Pile - Cool World
- Darkthrone - It Beckons Us All
- Dave Harrington - Skull Dream
- Giovanni di Domenico, Pak Yan Lau & John Also Bennett - Tidal Perspectives
- Jeff Parker ETA IVtet - The Way Out of Easy
- Moor Mother - The Great Bailout
- Oranssi Pazuzu - Muuntautuja
- Sarah Davachi - The Head as Form'd in the Crier's Choir
- Stephan Micus - To The Rising Moon
- Tara Jane O'Neil - The Cool Cloud Of Okayness
- Thou - Umbilical
- Tribulation - Sub Rosa In Æternum
Comentários:
Mais uma seleção cheia de coisas para ouvir. Exceto Amaro Freitas, não conheço nada.
E feliz 2025!
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