Dying Days
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Nothing's Wrong In Paradise

Fabricio C. Boppré |
Nothing's Wrong In Paradise

Não faz muito tempo e eu achava que nunca teria a chance de escutar a este disco completo, mas desde a semana passada tenho cá comigo uma linda reedição em vinil de Nothing's Wrong In Paradise, e a frequência com que tenho colocado-a para tocar é tal que agora a minha preocupação é com a perspectiva do disco não durar muito… Mas comecemos pelo começo: ouvi, um par de anos atrás, uma faixa do Sunstroke nesta mixtape (também responsável por me apresentar à música de Steve Hillage — Jen Monroe tem minha gratidão eterna). Foi paixão à primeira escutada: piano e sintetizadores deslizando languidamente para a música ambiente, um pé na new age, outro na música lounge, tudo se desenrolando no tempo próprio dos sonhos, dos filmes, onde pôr do sol e aurora decorrem não da posição relativa entre os astros e sim de estados de espírito, de finalidades. Era uma faixa perfeita. Resolvi procurar por uma versão ripada de Nothing's Wrong In Paradise, o disco que trazia a tal faixa (de mesmo nome), para ver se o álbum era inteiro tão bom assim e, sendo este o caso, tentar comprá-lo, porém procurei-o por horas e horas sem sucesso. Não que eu seja um mestre do submundo sem lei da internet, mas tampouco sou um completo amador — é bastante difícil eu não encontrar para download um álbum que procuro. Mas, naquela ocasião, nada de encontrar este que foi o único disco que o Sunstroke — os franceses Ben Bollaert e Etienne Delaruye — lançaram: nem sinal de Nothing’s Wrong In Paradise nos blogs que acompanho, nos sites de torrent, no ulož.to — nada em lugar algum que eu conheça e tenha acesso. O máximo que consegui foi escutar uma segunda faixa do disco no YouTube, tão boa quanto aquela primeira, o que só me deixou ainda mais frustrado e exasperado. Pensei então em partir direto para a compra do álbum, afinal, as duas faixas que escutei já o tinham transformado em objeto de desejo, mas, novamente, frustração: o disco estava fora de catálogo há anos e as poucas cópias usadas à venda no Discogs custavam pequenas fortunas. Pois bem, toquei a vida, o que há de se fazer… E foi no começo deste ano que, oras, se uma e outra boa notícia ainda não nos cruza pelo caminho de vez em quando!, no começo deste ano descubro que Nothing’s Wrong In Paradise seria relançado e já era até possível escutá-lo via bandcamp. Escutei-o, comprei-o, recebi-o, e meus dias andam um pouco melhores desde então. Que disco lindo! As faixas que eu conhecia previamente são as que abrem os dois lados da versão em vinil, Nothing’s Wrong In Paradise no lado A e Boat People no lado B, e embora ambas continuem minhas preferidas, as outras muito contribuem com evocações da linguagem mitológica de Vangelis e ecos de Tangerine Dream. Tem como resistir? É infalível: coloco o disco para tocar e as cores ao meu redor esmaecem um pouco, o barulho silencia, tudo se dissolve. Pena que o disco acaba... Sorte que agora ele está ali na minha estante.

Categoria(s): Opinião

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